Arquivo do mês: agosto 2008

Paris, Texas (Wim Wenders, 1984)

Não existe um “meio homem”, ou se é inteiro ou não se é nada. Então Travis tinha consciência de que no momento em que perdeu quem amava ele não era nada. Ela havia deixado seu filho na casa de seu irmão e partiu, ele fez o mesmo. Vagou pelo deserto como um espectro perdido em busca de sua alma. Em busca de qualquer coisa que o faça um ser humano de novo. Tinha a aparência de quem foi abduzido por um óvni, e agora vaga carregando o incomodo segredo de saber mais do que sua limitação permitia. Se isolou para pensar, ou para esquecer o que puder ser esquecido, e o que não puder, pelo menos ser disperso pelo monte de nada a sua volta. Ou só para encontrar a liberdade, ou claridade. Ele fugiu ou fez o que achava certo, o que realmente não importa. Ele apenas foi, pois precisava ir. Vagou por 4 anos sozinho, abdicando até da companhia da sua voz. Deixou as saudades enrugarem assim como um lábio exposto no sol sedento por água. O deserto indecente o seduzia com promessas de esquecimento. Quanto mais ele seguisse, menos se tornava, e conseqüentemente, menos teria do que se lembrar. É um processo de desumanização. De desencontro emocional. De estar onde nunca esteve para não lembrar do que já foi. De usar o mundo como esteira de academia. O problema é que, assim como um lábio volta a pulsar quando beija a água depois de muito tempo, a saudade e todo o podre conjunto que sempre a acompanha, volta com mais intensidade depois que qualquer estimulo do passado encosta no seu ombro. E esse estimulo maldito foi seu irmão, que o retirou do seu voluntarioso encarceramento ao ar livre – porque mesmo tendo todo o mundo para percorrer, era como se grades invisíveis estivessem o cercando, a diferença é que teria que caminhar um pouco mais para chegar nelas, sempre teria que dar um passo a mais. Ele foi retirado do deserto que o amamentou por todos esses anos, e jogado em um poço preso com seus fantasmas do passado: seu filho e a lembrança da mulher.

Seu filho, de agora 7 anos, estava morando com seu irmão e esposa. Apesar de o amar desesperadamente, o remorso o corroia por dentro. A culpa de não ser o que o garoto precisava, de não ter ficado com ele por não ser apto para isso. Mas 4 anos poderiam ter sido tempo o suficiente, e então pai e filho, partem em uma jornada pessoal para encontrar a mamãe. Apesar de reticente no começo, o próprio garoto, mesmo com toda sua ingenuidade e despreparo para o mundo, entendia que o motivo que fez com que o pai não ficasse com ele por todos esses anos era maior. A melancolia que o pai passava pelos olhos o comovia, fazendo com que esse fosse incapaz de odiá-lo, mas sim ama-lo, como se ama um pai realmente. E então eles partem. O certo naquele momento é encontra-la, assim como o certo antes foi vagar sozinho. Não existe o porquê racional, apenas o impulso emocional, e que ambos estavam ligados no mesmo objetivo.

Eram 3 almas que só conseguiriam ser inteiramente felizes juntas, o que era impossível de acontecer. A viagem ganha contornos suicidas, já que sabemos que ninguém vai encontrar o que procura. O máximo que pode acontecer é uma chance de um novo enfrentamento ou algo do tipo. É a angustia de um cara que foi fadado a andar em um mundo pequeno demais para o seu remorso e saudade.

4/4

Thiago Duarte

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Mortal Kombat – O Filme (Paul Anderson, 1995)

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Um dos cineastas mais “malditos” que temos hoje em dia se chama Paul W. S. Anderson. Por favor, não confundir com o renomado Paul Thomas Anderson, ou PTA, diretor de filmes cults como Boogie Nights, Magnólia, Embriagado de Amor e Sangue Negro. Paul W. S. Anderson é um diretor de filmes mais comerciais, e no início de carreira se chamava simplesmente Paul Anderson. Teve relativo sucesso em seus primeiros filmes, mas atualmente não é bem visto e cada novo projeto dele anunciado é muito criticado logo de cara. Isso devido mais aos seus dois últimos e “polêmicos” trabalhos: Resident Evil – O Hóspede Maldito e Alien vs Predador. Ambos renderam nas bilheterias, mas sofreram duras críticas. Resident Evil é baseado no famoso jogo de zumbis da Capcom, e desagradou muitos fãs do original, por não conter o mesmo grau de suspense; e Alien vs Predador resultou num filme “infanto-juvenil” demais, a ponto de nem ter muita violência, destoando demais das duas famosas franquias. Particularmente, não acho nenhum desses dois filmes propriamente ruins e nem tão bons, mas decepcionaram muita gente, e acabaram decretando a má fama do diretor. De qualquer forma, Paul até que acertou no seu primeiro projeto, Mortal Kombat – O Filme. Uma adaptação do famoso jogo de videogame.

Uma discussão recorrente que temos é quanto uma adaptação para cinema tem que ser fiel a obra original da qual se baseia. Muitos dizem que tem que haver um respeito pelo original e por isso o filme tem que ser fiel ao máximo, enquanto outros dizem que o diretor tem que ter liberdade total, então a fidelidade não é necessária. Claro, que muito dessa discussão se refere a filmes baseados em livros e HQs, mas em relação a um jogo de videogame, até que ponto tem que haver essa fidelidade? Essa dúvida não existiu durante muito tempo,  já que jogos eletrônicos não eram adaptados para cinema, simplesmente porque na maioria das vezes, eles nem tinham histórias tão bem desenvolvidas assim, que servisse de base para qualquer coisa. O sucesso de um jogo dependia mais do carisma de seus personagens e pela parte técnica em si (gráficos, sons, jogabilidade, dificuldade), isso gerou uma grande falta de interesse dos produtores e cineastas para esse tipo de “arte”. Mas no começo da década de 90, época em que reinava os videogames de 16 bits de 4ª geração (Super Nes e Mega Drive), finalmente, quatro jogos famosos iriam ser adaptados para as telonas: Super Mario Bros, Street Fighter, Double Dragon e Mortal Kombat. Os três primeiros fracassaram totalmente, e acabaram caindo na mesma armadilha: Tentaram pegar o que o jogo tinha de melhor que eram os personagens, mas colocá-los em outro contexto, trazendo história que muito pouco lembrava o jogo original (mesmo porque esses jogos nem história tinham). Com isso, presenciamos Mario e Luigi indo parar num universo paralelo onde estranhamente os dinossauros é que evoluíram e não os humanos; ou um Jean Claude Van Damme, interpretando Guile, personagem coadjuvante do jogo, que se transformou no principal do filme onde M. Bison era ditador-presidente de um país em guerra-civil; ou os irmãos “gêmeos” Jimmy e Billy Lee lidando com… com o quê mesmo? Enfim. Nenhum deles conseguiu criar algo minimamente interessante pra quem não conhecia os jogos, e quem conhecia não se identificou em momento nenhum com o que estava sendo mostrado lá. Mortal Kombat, que veio depois destes, resolveu ir pelo caminho oposto, se limitando a filmar a simplória história do jogo, sem maiores malabarismos. Não que seja algo vital numa adaptação, mas nesse caso aqui a fidelidade com o original se mostrou importante para se montar uma base, por onde o filme iria se sustentar.

Falando do jogo, para aqueles que não o conhecem: Mortal Kombat surgiu em 1992. É um jogo de luta, em que dois personagens entravam numa arena e, através de vários comandos específicos do jogador, executa golpes que tentavam derrubar seu adversário. MK se diferenciou de outros títulos desse gênero na época por dois motivos básicos: 1) Realismo. O jogo se propunha a ser realista, já que os personagens eram imagens digitalizadas de atores reais. A gente via pessoas na tela lutando e não “desenhos”; 2) Violência. O sangue que rolava solto a cada vez que o lutador era acertado por algum golpe do adversário, e no fim de cada luta, o vencedor poderia matar o perdedor. Isso fez com que o jogo causasse uma enorme polêmica, chegando a ser censurado em algumas das suas versões. Videogames eram vistos como coisa de criança, então pela lógica do pessoal mais conservador, nenhum jogo poderia conter tanta violência assim. Com isso, para Mortal Kombat II, os realizadores mantiveram toda essência do jogo original, mas resolveram zoar toda essa polêmica que MK causou e foram incluídas coisas como “Babality” e “Friendship”. Um desses golpes consistia em poder transformar seu adversário em bebê, e o outro em fazer uma brincadeira estúpida com o lutador perdedor. Ou seja, o realismo e a violência continuaram mas com uma pitada de sarcasmo. Perfeito. Só que depois disso a série, a partir de Mortal Kombat III, foi caindo gradualmente, e hoje, nem de longe tem o mesmo respeito. Virou jogo de criança mesmo, enquanto o público que gosta de coisas mais polêmicas vai atrás de jogos como GTA e Counter-Strike. O filme não causou a mesma polêmica que o jogo, mesmo porque não veio com a intenção de ser polêmico, mas tem violência e certo realismo, no sentido de que tudo mostrado ali não é tão absurdo, mesmo dentro de um universo altamente fantasioso.

Liu Kang, Sonya Blade, Johnny Cage, Scorpion, Sub-Zero, Kano, Rayden, Reptile, Goro e Shang T. Sung. Todos esses eram os personagens do jogo Mortal Kombat, e que aparecem também na sua adaptação de cinema, mas ao contrário das outras adaptações citadas, aqui se tem basicamente a mesma história de antes, mesmo que essa não seja grande coisa, afinal tudo gira em volta do famoso torneio Mortal Kombat, torneio esse que vai decidir o destino do planeta Terra. Nada mais além que isso. A maior liberdade que o diretor tomou em relação à história foi acrescentar certos elementos do segundo jogo da franquia, Mortal Kombat II, como a presença dos personagens Kitana e Jax, e o misterioso mundo de “Out World” entre outras coisas. Então, para quem não conhece ou não gosta do jogo, o filme pode não ser nem um pouco atraente, e não seria atraente de qualquer forma, mas para quem jogava e conhecia aquele universo, tudo funciona muito bem. E é bem curioso comparar Mortal Kombat – O Filme com Resident Evil – O Hóspde Maldito, duas adaptações de videogame realizadas pelo mesmo Anderson. No MK, ele tentou seguir o jogo mais à risca, e no Resident, acabou tomando certas liberdades se baseando pouco no original, tentando fazer o filme trilhar um caminho próprio. Ele acabou agradando mais em um e nem tanto no outro. MK se beneficou de algumas coisas como o jogo ter caído nas graças da gurizada daquela época, e tendo esse público como alvo, não foi tão cobrado assim. Ninguém esperava um “grande filme”, mesmo porque as outras adaptações de videogames que saíram antes, decepcionaram muito. MK se encaixou muito bem no que se propusera naquele momento. Já Resident, tinha um público um pouco mais velho, que passou a jogar videogames a partir do momento em que eles se tornaram mais sombrios e realistas. É um público mais exigente que não aceita certas coisas, e assim muitos esperavam um filme de zumbi à lá George Romero, mas receberam um filme bem mais ameno. Talvez a pior coisa na comparação direta desses filmes é ver que o diretor Paul Anderson não evolui como diretor de um filme para outro. Ambos, mesmo dentro dessa diferença em ser mais ou menos fiel que o original, tem esse mesmo clima de filme “pop-adolescente”, que acabou sendo a marca registrada dele e o que o faz ser tão criticado.

Uma coisa que se pode dizer de Paul W. S. Anderson é que, apesar dos pesares, ele não é o pior cineasta do mundo, afinal, três dos seus maiores sucessos comerciais, Mortal Kombat, Resident Evil e Alien vs Predador ganharam continuações, dirigidas por outras pessoas, e todas são inferiores aos filmes originais (apesar de não ter visto Resident Evil 3 e Alien vs Predador 2, mas não ouvi coisa boas deles), principalmente, a continuação desse aqui, Mortal Kombat – A Aniquilação (John R. Leonetti, 1997), simplesmente “inassistível”, em todos os seus aspectos. Então, têm muito diretor pior que ele por aí, com certeza. Paul tem certa competência, pelo menos quando vai idealizar um filme, ele surge com boas idéias, o problema é que ele não consegue manter essa boa idéia até o fim, tudo vai caindo no meio do caminho, e os filmes se perdem. E nem se perdem tanto, mas ficam bem longe do que se imaginava deles no início de tudo (com Resident Evil e AvP aconteceu assim). Esse aqui foi o filme dele que menos se perdeu no meio do caminho, mesmo porque não eram necessários grandes malabarismos para agradar o público alvo. Todos queriam basicamente um filme que agradasse respeitando o conceito simples do jogo original, e isso o filme consegue fazer, sem muito esforço. E depois de tanto tempo, Mortal Kombat – O Filme ainda é o melhor filme baseado em um jogo de videogame (mesmo porque nenhum grande filme surgiu daí), e também o melhor filme diridido por Paul W. S. Anderson (idem).

3/4

Jailton Rocha

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Star Wars – The Clone Wars (Dave Filoni, 2008)

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Sou daqueles que adoraram o desenho animado Star Wars – Clone Wars. Minisserie de animação dirigida por Genndy Tartakovsky (de Samurai Jack e Laboratório de Dexter), e que foi exibida no Cartoon Network em mini-episódios entre 2003 e 2005. Não assisti esse desenho quando foi exibido no canal, mas em DVD (já lançado no Brasil), separados em dois volumes com todos episódios, que juntos tem a duração de um filme longa-metragem: 2h. Clone Wars veio para fazer uma ponte entre o Episódio II – Ataque dos Clones e o Episódio III – A Vingança dos Sith, e assim preencher uma lacuna que a série cinematográfica não poderia preencher. Desde o Episódio IV – Uma Nova Esperança de 1977, ouvimos falar da guerra dos clones, mas como a série de cinema tinha em foco a saga de Anakyn Skywalker, Lucas não achou espaço nela para tratar melhor esse conflito. A solução encontrada foi fazer essa minissérie para TV em animação, e que cumpriu muito bem sua obrigação. Finalmente, vemos em maiores detalhes a guerra clônicas, e melhor que isso, podemos observar como os poderosos Jedis se comportavam diante desse ambiente em conflito. E não só os Jedis principais com o Anakyn, Obi-Wan e Yoda, mas vários outros. Sim, Jedis em ação! Isso por si só já justificava a existência da série, que vai além disso, se colocando como parte integrante importante da nova trilogia de SW. Mas depois do Episódio III, resolvem investir numa nova série animada Clone Wars, agora em computação gráfica 3D. Essa série iria preencher algumas lacunas que a anterior não preencheu. Você consegue entender isso? Clone Wars original surgiu para preencher uma lacuna da série cinematográfica, agora lançam outro Clone Wars para preencher as lacunas da outra série. Como assim? Particularmente, não acho que a série SW tenha tanta lacuna assim para preencher e mesmo se tivesse, o Lucas poderia ter investido em outras. Porque não uma série que se passa entre o epispódio I e II (infância e adolescência do Anakyn), ou aquela outra que todos aguardam que é entre o episódio III e IV, ligando a trilogia clássica com a nova? Seria bem mais interessante. Para complicar a situação de tudo, Lucas lança um filme para cinema que servirá de introdução para essa futura série de TV. Repetindo: Um filme feito para cinema cuja única função é introduzir uma série de TV. Fato inédito, que muitos gostariam que continuasse como tal, mas Lucas inventou isso também. Então, nos encontranos de fronte desse “filme” Star Wars – The Clone Wars. Um projeto que já nasce com o rótulo de caça-níquel, e ao vermos o filme, não conseguimos chegar a outra conclusão se não essa. Um grande caça-níquel.

A principal diferença entre esse aqui e a série animada anterior é o foco. Antes se viam os demais Jedis nas batalhas das guerras dos clones, mas aqui Anakyn é o foco novamente com na trilogia de cinema. Lucas já teve três filmes para mostrar as nuances do personagem, mas resolveu fazer mais um agora, e que não acrescenta nada ao que já foi dito dele. Afinal, esse filme é só a introdução da série de TV. Ponto. Deveriam ter colocado já aqui nesse filme outras situações envolvendo tantos outros Jedis, como a Clone Wars anterior, para ficar bem claro que Anakyn não é o foco. Mas nem tentaram tratar de outros assuntos envolvendo outros Jedis. Tudo envolve uma missão que Anakyn tem que cumprir: Resgatar o filho seqüestrado de Jabba The Hutt. Sim, Jabba tem um filho! Um filho bebê que nunca tinha dado as caras na série, e ele não é o único personagem novo. Além dele, Anakyn ganha uma Padwan (aprendiz) que vai lhe ajudar nessa missão, uma Padwan nunca citada antes, e temos ainda o irmão de Jabba, que também dá as caras aqui. Considerando que esse The Clone Wars se localiza antes dos Episódios III, IV, V e VI de cinema e de boa parte da outra Clone Wars, fica difícil entender como personagens que teriam muita importância, afinal, são o filho e irmão do Jabba The Hutt e a Padwan de Anakyn, nunca foram sequer citados em algum momento. Apesar de não ser a primeira vez que isso acontece na série, mas todos esses personagens novos, tirados do fundo da cartola, assim de repente, acabam por decretar ainda mais o rótulo de “caça-níquel” que esse filme tem desde que foi anunciado.

Outro problema que surge com esses personagens é que o público adulto da série provavelmente vai rejeitá-los como já rejeitaram os Ewoks do Episódio VI e Jar Jar Binks do Episódio I. Devo lembrar que o Clone Wars anterior poderia ser visto sem problemas por esse público adulto, porque não era tão infantilizado, ao contrário desse nova série, que pelo que se vê nesse filme inicial, vai ser bem direcionado ao público infantil. Não só pelos personagens novos, mas por várias outras situações. A mais constrangedora seria envolvendo o exercito de droids que a cada momento que aparece surge com uma piada/trapalhada nova. Imbecilizaram demais esse exercito dos droids, e só as crianças menores vão curtir as coisas que eles aprontam aqui. Com isso, o público adulto provavelmente vai rejeitar tudo no filme, e conseqüentemente a série de TV, se ela continuar assim nesse teor como foi apresentado. Devemos lembrar que pouca gente gostou na época, e atualmente poucos se lembram dos dois filmes infantis dos Ewoks lançados na década de 80. Esse The Clone Wars deve ir pelo mesmo caminho.

Sobre a parte técnica: A qualidade da animação até que é boa. Não dá para comparar com as mais recentes da Pixar e Dreamworks, mas é melhor que as animações de TV. The Clone Wars tem cenários grandiosos bem desenhados. Os (poucos) momentos de batalha são bem explorados e os personagens tem um visual legal. Tudo tentando reproduzir o visual da série animada anterior. Então, não chega a ser um problema a qualidade da animação, mas a maior parte do filme se passa a noite, então vamos ver mais cenários escuros, e assim Lucas acha um jeito de esconder possíveis imperfeições de sua animação.

Apesar de tudo, Star Wars – The Clone Wars é um filme SW com todos os defeitos e qualidades que isso possa acarretar. Só que tem vários agravantes como se pode ver, e o problema maior é ver o Lucas esticando uma coisa que não precisa ser esticada, em troca de uns trocados a mais no seu já polpudo bolso. No fim, o público infantil menos exigente pode gostar desse Star Wars – The Clone Wars, mas o público adulto não vai querer passar muito perto. Recomendo para esse público que alugue ou compre a série antiga de Clone Wars, disponível em DVD. Não vão se arrepender, bem do contrário se decidirem ir no cinema ver esse aqui.

1/4

Jailton Rocha

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Próximo Especial tem data marcada!

Aê galera! Enfim, depois de quase dois meses de intervalo – preenchido, além dos textos habituais, pela cobertura do 10º Festival de Curtas de BH e pelas sagas do Batman e do Superman -, o quinto Especial Multiplot! tem data pra ir ao ar. Dia 9 de setembro os ploteiros atacam de novo com um tema que, por enquanto, é segredo de estado. O que não impede eventuais especulações, hehe.

Aguardem, um abraço!

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Superman – 30 Anos no Cinema

É um pássaro? É um avião? Não! É o Superman!

15 de Dezembro de 1978: Essa é a data em que foi lançado nos cinemas dos EUA, Superman – O Filme. Dirigido por Richard Donner, e estrelado por Christopher Reeve, Gene Hackman, Marlon Brandon, Margot Kidder, Glen Ford, entre outros. Aventura baseada na famosa HQ da DC Comics, que foi responsável em abrir as portas para as demais HQs que até hoje (e principalmente hoje) continuam sendo adaptadas para o cinema. Como fã dos filmes do herói desde criança, sendo Superman III o primeiro filme que vi nos cinemas, resolvi preparar esse especial para o Multiplot! para comemorar o aniversário de 30 anos de lançamento do primeiro filme, comentando os 5 filmes da série do Homem de Aço lançados até aqui. Sem mais delongas, vamos… Para o alto e avante!

Superman – O Filme (Richard Donner, 1978)

Superman II – A Aventura Continua (Richard Lester/Richard Donner, 1980) 

Superman III (Richard Lester, 1983)

Superman IV – Em Busca da Paz (Sidney J. Furie, 1987)

Superman – O Retorno (Bryan Singer, 2006)

 

Jailton Rocha

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Superman – O Retorno (Bryan Singer, 2006)

Várias trapalhadas ocorreram ao longo das produções dos filmes do Superman. Até parece sina do herói essas confusões que acontecerem nos bastidores de seus filmes. A primeira trapalhada veio logo nos dois primeiros, que foram marcados pela demissão súbita do diretor Richard Donner, que depois do sucesso do primeiro filme, não pôde terminar o segundo por causa das diversas brigas e desentendimentos que ocorreram entre direção e produção, sendo assim substituído por Richard Lester, que nem de longe tem o mesmo talento dele, mas conseguiu terminar Superman II, aos trancos e barrancos, e acabou assumindo a direção do Superman III. Depois, no Superman IV, a trapalhada ocorreu porque a Warner não estava mais interessada em investir na série, deixando o filme ser realizado pela paupérrima produtora Cannon Group Inc., que fez um filme típico dela, ou seja, totalmente pobre em todos os sentidos, efeitos especiais, roteiro e etc, resultando no enterro definitivo da série naquele momento. O ator Christopher Reeve até tentou bater de porta em porta, procurando alguém que quisesse bancar um Superman V, mas acabou não obtendo êxito. Já aqui, com os produtores reativando a série depois de quase 20 anos, para variar, outra trapalhada acontece: O diretor Bryan Singer estava envolvido até o pescoço com os filmes dos X-Men, mas abandonou tudo para fazer realizar essa nova seqüência para a saga de Superman. Com isso, quase que ambas as franquias vão para o lixo. Essa aqui do Superman passou muito perto disso. A sorte dela é mais devido a fama do herói, que é um dos mais conhecidos das HQs, e que tem um enorme público que quer continuar vendo as aventuras dele no cinema, do que propriamente nesse Superman – O Retorno que Singer “criou”.

Arrisco dizer que esse é um dos filmes mais “sem cara” que existe. É dirigido sim, pelo Bryan Singer, que mostrou competência no gênero nos dois primeiros filmes dos X-Men, mas aqui ele se anula totalmente porque sendo um fã alienado dos dois filmes de Richard Donner (colocando no plural, já que muita coisa do Superman II foi dirigida por ele), em vez de ir ao que achava melhor, preferiu ficar perdendo tempo em cima de detalhes que Donner colocou nos primeiros filmes, fazendo com que tudo não pareça nem coisa própria do Singer, nem consiga lembrar algo que o Donner tenha feito. O problema maior surge quando o diretor resolve fazer uma continuação dos filmes anteriores, mas se focando mais nos dois primeiros, sem considerar nem o terceiro ou o quarto. Até aí, tudo bem, só que ele se prende demais nesses filmes, e não neles em si, mas em todo esse conceito que ele, Singer, tem em relação ao Superman I e II, fazendo questão de se apoiar em detalhes, principalmente no que diz respeito ao romance de Lois e Superman, que só serviu para confundir aqueles que não conheciam os filmes anteriores, e para aqueles que conheciam ficarem estranhando tudo, já que a visão do Singer em relação a esses filmes é algo muito próprio dele e em nenhum momento, ele deixa muito clara essa visão que tem.

A diferença principal entre os filmes iniciais e esse aqui, é que os do Donner eram verossímeis, mas não eram tão “sisudos”, e o do Singer é justamente o contrário. Superman – O Retorno é totalmente sisudo, se levando a sério demais sempre, mas sem conseguir ser verossímil. Explicando melhor: Donner tinha a preocupação de passar uma verdade em relação ao herói. Afinal, era um ET que no planeta Terra tem super poderes, coisa que muita gente acharia difícil assimilar, ainda mais nos anos 70, então, na hora de passar essa verdade do personagem, Donner se preocupa em ser o mais verossímil possível. Toda história envolvendo a origem do Superman, com a destruição do planeta Krypton, a adoção por seus pais terrestres, a descoberta de seus poderes e etc, mesmo sendo fantasiosa, foi bem cuidada para que o público pudesse entrar naquele universo sem problemas. Mas depois disso, o filme se assume como uma aventura mesmo, investindo muitas vezes em cenas mais leves (principalmente com os vilões cômicos) e outras mais absurdas (como a cena do giro da Terra no final). Essa verossimilhança era usada somente para o público poder penetrar nesse universo, mas depois disso, o filme se colocava no direito de relaxar. Já Singer usou essa verossimilhança de antes só para justificar a transformação de tudo numa grande opereta, altamente dramatizada, fazendo o filme ficar pesado demais. E ele até tenta colocar humor em algumas cenas, mas falha drasticamente, porque o humor não é algo que surge naturalmente como antes, e sim algo posto lá de qualquer forma, só para dizer que o filme tem certa leveza, coisa que definitivamente, não tem. Mesmo assim, o humor usado aqui na maioria das vezes não tem a mínima graça (ou alguém realmente acha muito engraçado o filho da Lois chamar o Lex de careca?). Resumindo: Singer se põe em cada e todo instante como um fã alienado, e assim não deixa ou não consegue fazer o filme relaxar como Donner fez nos filmes dele.

Sobre a história: Superman – O Retorno se passa 5 anos depois de Superman II – A Aventura Continua. O herói teria abandonado o planeta Terra depois dos eventos do segundo filme, para ir ao espaço procurar pistas de sobreviventes de seu planeta natal. Então, o filme mostra seu “retorno” depois desse tempo que passou no espaço. O que muita gente pode estranhar ao ler essa história inicial é que ela caberia muito bem, depois do quarto filme, então pra quê confundir todos, enfiando essa história depois do segundo? Afinal, para muitos, são quatro, e não dois, os filmes anteriores. O detalhe é que Singer criou um personagem chamado Jason White. Não dá para dizer muita coisa sobre ele para evitar possíveis spoilers, mas ele é o filho pequeno da Lois Lane e pela lógica, ele só poderia ser inserido depois do segundo filme. O problema é que o desempenho pífio do filme em grande parte é culpa desse menino, já que ele é a personificação dessa alta carga dramática que Singer vomitou aqui. Então, em vez de relaxar, fazendo uma continuação que teria como base os anteriores, mas sem se prender muito a eles, Singer preferiu criar esse personagem, que particularmente não serviu pra nada, ao contrário, só atravancou a história, para assim ter uma justificativa e enfiar Superman – O Retorno depois do Superman II, se prendendo inutilmente demais a vários detalhes dos filmes iniciais. Mas daí surge outro problema: Por mais que tente evitar, o diretor acaba passando por cima de várias coisas ditas anteriormente. Ou seja, até os filmes que ele estava considerando para fazer este, ele não consegue obedecer 100%, surgindo assim vários erros de continuidade. Não crucifico tanto esses erros, que na maioria das vezes são inevitáveis mesmo, mas, como disse, o filme se leva a sério demais, então pesaram muito mesmo no resultado final. E nem posso dizer que são erros de continuidade propriamente, já que o Singer (ou algum fã mais ardoroso dele) pode ter todas as explicações sobre tudo que não bate muito bem entre esse filme e os anteriores. Assim, até mesmo aqueles que conhecem os filmes iniciais de cabo a rabo, vão ter que consultar um “manual de instruções” para entender ou compreender (aceitar, seria a palavra exata) certas coisas que Singer imprimiu aqui. O filme deveria funcionar sozinho e não depender tanto assim do que foi feito no passado.

O ponto positivo do filme é o seu visual. Tudo é muito bem cuidado e bem construído, tanto em relação a efeitos especiais, como na parte de cenários, figurinos e etc. O filme, pelo menos, é bonito de se ver. Nesse sentido, Superman – O Retorno é sim, grandioso, mas essa grandiosidade ficou só nessa parte técnica mesmo. Outra coisa boa que ocorreu foi a escolha do ator que passaria a ser o Superman. Brandon Routh consegue ter um bom desempenho tanto como Clark Kent tanto como Superman. Christopher Reeve teve um bom substituto nesse novo filme. Infelizmente, o resto do elenco não funciona tão bem. Kevin Spacey como Lex Luthor, e Kate Bosworth como Lois Lane, por exemplo, não diria que estão propriamente ruins, mas ambos sofrem demais por essa escolha do diretor em deixar tudo dramático demais, sendo assim, a meu ver, um erro mais de direção que de atuação deles. O Kevin, pela experiência que tem, até consegue se salvar, mas a Kate não. A atriz/personagem está totalmente fora do tom. Nem de longe lembra o ótimo desempenho da Margot Kidder nos filmes anteriores, que conseguia se equilibrar muito bem tanto nas partes mais densas como nas mais leves dos filmes do Donner. A Kate não consegue a mesma façanha, e passa o filme todo com a mesma cara. A única coisa que a ajuda é que tem um bom parceiro em cena, James Marsden, que interpreta seu marido, Richard White. O personagem é o mais agradável do filme e, conseqüentemente, o mais interessante que Singer trabalha dentro de sua opereta.

Finalizando: Sou fã do Superman e de seus filmes (dos três primeiros, diga-se). Pra mim, ele ainda é o herói definitivo vindo das HQs, então torço sempre para que um dia, ele volte em grande estilo às telonas. Infelizmente, isso não ocorreu aqui. Mas estou aguardando o próximo filme: Superman – The Man of Steel. Se for ainda sob a direção de Singer, então espero que seja o mesmo que dirigiu magistralmente X-Men 1 e 2, e não esse fã alienado que tão preso ao passado não deixou Superman – O Retorno alçar vôos maiores.

2/4

Jailton Rocha

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Superman IV – Em Busca da Paz (Sidney J. Furie, 1987)

Com toda confusão que houve na produção dos filmes iniciais, a série Superman, no fim dos anos 80, estava abandonada, mas ainda teve uma ligeira sobrevida nesse quarto episódio. O problema é que a Warner, estúdio por trás dos filmes anteriores, não estava interessada em realizar esse aqui, e o quarto Superman acabou caindo nas mãos da Cannon Group Inc., produtora que na época investia em produções baratas como os filmes estrelados pelo Jean Claude Van Damme e Chuck Norris. E isso já diz tudo sobre esse Superman IV – Em Busca da Paz.

O único charme desse quarto filme é a presença do elenco original. Além de Christopher Reeve continuar como Superman/Clark Kent, voltam a Margot Kidder como Lois Lane (no terceiro filme, ela só aparecia no começo e no final), e Gene Hackman novamente como o vilão Lex Luthor. Fora isso, nada resta de útil, e como já vimos esses três reunidos em filmes bem melhores (Superman I e II), então esse quarto filme perde qualquer utilidade que poderia ter. Acrescido o fato de a produção ser altamente pobre, no que resulta em efeitos especiais totalmente porcos. Então, se na época do Superman – O Filme, queríamos ver o herói voando, nesse Superman IV, torcemos para que ele mantenha os dois pés firmes no chão, já que as cenas de vôo são totalmente decepcionantes. Teve até uma fracassada tentativa aqui de se reproduzir a cena de vôo do primeiro filme com Superman e a Lois, inclusive com a mesma belíssima música do John Williams ao fundo, mas com esses (d)efeitos não deu mesmo.

O roteiro teve o argumento do próprio Christopher Reeve, então é dele a boa idéia que surgiu, mesmo que não tenha sido muito bem aproveitado. A idéia de o mundo colocar um ultimato para o Superman, o forçando a ter uma atitude contra as bombas nucleares é muito boa, já que as pessoas o enxergam como um protetor e como tal deveria tentar evitar essas guerras que, curiosamente, são provocadas por essas mesmas pessoas que cobram dele uma atitude. Mas tudo isso resultou num papo pacifista simplório, indigno de maior atenção. Outra coisa interessante que surgiu, mas também não foi bem aproveitado é o fato de o herói ficar dividido entre duas mulheres. Isso que surgiu no fim do terceiro filme quando Lana Lang vai trabalhar no mesmo local que Lois Lane e Clark Kent/Superman. Aqui, de um lado, temos a Lois Lane que é apaixonada pelo Superman, e no outro, surge a filha do novo chefão do Planeta Diário, Lacy Warfield, interpretada pela feiosa Marriel Hemingway, que se interessa pelo Clark Kent. Não sei o porquê de não usarem a Lana Lang do filme anterior para essa função de disputar o Superman com a Lois. Teria ficado mais interessante. Mas mesmo assim, temos duas mulheres interessadas nas duas distintas personalidades do herói. Só que isso só serviu para presenciarmos a cena em que Clark Kent/Superman marca um encontro com as duas ao mesmo tempo, e assim no encontro, uma hora ele está de Superman e outra tem que se transformar em Clark. Só que a cena em si não serviu pra nada e nem engraçada ficou, restando a pergunta: Porque o Superman está perdendo tempo fazendo isso? Se ele realmente quer ficar com as duas teria outras formas mais simples e eficientes de realizar essa façanha. Não?

E será que preciso falar do tal Homem Nuclear (Mark Pillow), que é o vilão que o Lex Luthor cria aqui para enfrentar o Superman? Será que ninguém na produção do filme enxergou o quão inútil esse personagem seria? Afinal, ele só tem força diante do sol, ou seja, é só o Superman lutar com ele à noite e pronto, ganhou. Não estou exagerando. Tanto que numa cena o cara é trancado num elevador e sem a luz do sol lá dentro, ele perde os poderes (!!!). Enfim, esse Homem Nuclear só surge mesmo para “coroar” de vez esse filme caquético, que enterraria quase de vez a série (o herói só voltaria aos cinemas quase 20 anos depois). No fim, a única qualidade desse quarto filme é que curto. Tem 1h29min de duração enquanto os outros tem mais de 2h. Provavelmente, a produção da Cannon viu a bomba que estava sendo feita e chegou à conclusão que ninguém iria agüentar mais tempo que isso. Superman, definitivamente, já teve dias bem melhores…

1/4

Jailton Rocha

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Superman III (Richard Lester, 1983)

Depois de toda polêmica que envolveu a produção dos dois primeiros filmes da série Superman, com direito a demissão do diretor Richard Donner antes da conclusão do segundo filme e a conseqüente debandada de parte do elenco principal, esse Superman III ficou 100% a cargo do diretor Richard Lester. Ele teve certa sorte (ou azar, dependendo do seu ponto de vista) de ter somente a presença de Christopher Reeve, o ator por trás do Superman/Clark Kent, sem contar com vários dos outros atores que participaram dos dois filmes iniciais, assim teve a liberdade total de lidar com toda uma nova estrutura em relação à história e personagens em volta do Homem de Aço. Então, se antes, no segundo filme, Richard Lester estava preso, tendo que se limitar a simplesmente terminar o trabalho de outra pessoa, aqui ele estava livre para fazer o que quiser. Isso funcionou tanto para o bem como para o mal do filme.

Funcionou para o bem porque no fim das contas, Superman III é o que mais se difere dentre todos os filmes da série, fazendo uma espécie de “quebra” no meio dela. Enquanto, Superman I, II, IV e O Retorno lidam com a questão do romance entre Clark Kent/Superman e Lois Lane, e as vilanices de Lex Luthor, aqui sem a presença de Lois e Lex, o herói pôde lidar com outras coisas, como enfrentar vilões novos ou o simples fato de voltar para Smallville, revivendo seu amor de juventude por Lana Lang (Annette O’Toole) e sua rivalidade com Brad Wilson (Gavan O’Herlihy). Ou seja, o herói está “sozinho” no seu terceiro filme, encarando outras pessoas e outras questões. Isso em si já é algo bem interessante, mesmo que Lester não consiga trabalhar tudo muito bem, perdendo tempo com certas bobeiras, mas está tudo ali, bem colocado. E funcionou para o mal porque se esse diferencial que o filme tem em relação aos outros da série é sua maior qualidade, o seu maior defeito reside no humor pastelão que o diretor Richard Lester insiste em colocar em vários momentos. A própria presença de Richard Pryor, um dos comediantes negros mais famosos da década de 80, já empurra o filme para isso. Considero que é meio difícil não se incomodar com certas cenas, como os créditos iniciais que apelam para personagens e situações caricatas, ou outras envolvendo as muitas estripulias que o personagem Gus Gorman, interpretado por Pryor, adota durante o filme, só que Superman III se coloca como uma aventura descompromissada, então esse pastelão não chega a ficar ou soar muito ridículo, já que não afeta tanto os momentos bons do filme.

Com certeza, o momento mais marcante daqui é quando o herói fica “mau” depois de ser atingido por uma kryptonita fabricada por Gus. Para um herói tão bonzinho como Superman, ver o lado ruim dele é algo notável. Mesmo que o pastelão do filme não deixe explorar todo esse seu lado ruim, já que o diretor acaba mostrando mais o lado cômico da situação, com o “Superman-Mau” fazendo com coisas como apagar a chama olímpica, ou alinhar a Torre de Pisa (reconheço que adoro essa parte da Torre de Pisa!), mas de qualquer forma, tudo ainda resulta muito interessante já que podemos presenciar esse herói bonzinho dando uma de machão a ponto de se embebedar e dar “uns pega” numa loira que dá mole para ele. Sem falar na ótima batalha entre Superman e Clark Kent num ferro velho, fazendo com que o herói se desligue desse lado bad boy. E imaginar que recentemente quando outro super-herói famoso resolveu ficar mau se limitou a virar emo (Emo-Aranha?). Ainda bem que com o Superman, a história foi bem diferente.

Outro ponto interessante é que, sem querer, o filme previu certas coisas que assolam o mundo hoje em dia, como: 1) O problema dos hackers: o personagem do Richard Pryor usa os computadores para fazer absolutamente tudo o que quer, inclusive desviar dinheiro; 2) A crise do petróleo: o vilão daqui faz o mundo de refém depois de seqüestrar toda reserva de petróleo, assim vemos as pessoas desesperadas tentando ficar com o pouco de combustível que restou; e 3) As maluquices climáticas que atinge muitos países: Um furacão surge de repente na Colômbia, destruindo tudo, sem a população nem saber da onde veio. Isso não deixa de fazer o filme ficar um pouco com cara de atual, mesmo com a idade avançada que tenha. Acrescido ao fato de que filmes recentes como Homem Aranha 3 e Hancock adotarem o mesmo elemento usado aqui do “super-herói politicamente incorreto”, fazendo assim o filme ganhar ainda mais esse ar de atual.

Assumo que tenho um carinho especial por Superman III mais pelo fato dele ser o primeiro filme que vi no cinema, quando ainda era criança, do que propriamente pela sua qualidade. Mas é que depois de tanto tempo ainda consigo vê-lo da mesma forma que vi da primeira vez, mesmo que hoje, consiga enxergar melhor os seus defeitos. Só que tudo ainda soa maior do que talvez seja: A luta do Superman contra o Clark Kent no ferro velho, o supercomputador no final, o reencontro com a Lana, as trapalhadas do Pryor e etc. De qualquer forma, esse aqui mesmo este sendo inferior aos dois anteriores, é bem superior aos que vieram depois, já que Superman IV é uma inutilidade completa, e o recente Superman – O Retorno perde muito tempo tentando ser grandioso demais sem conseguir por um minuto ser. Superman III não é assim. Ele se assume como uma aventura descompromissada desde o início e ao mesmo tempo consegue ser bem interessante. Quem disse que uma coisa é inversa à outra?

3/4

Jailton Rocha

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