A fundamentação de boa parcela conceitual da comédia contemporânea pode ser atribuída a este primeiro filme de Jerry Lewis sob a condição de diretor – depois de muitos anos de sucesso como veículo cômico cinematográfico -, em especial pela dependência exclusiva de O Mensageiro Trapalhão da própria figura do ator, característica que se transformaria praticamente em uma regra nesses anos de Jim Carrey, Steve Carrel e seus seguidores.
Lewis é o próprio filme; participa de todas as cenas, realiza todas as ações, e inclusive ergue um monumento a ele mesmo nas seqüências em que o próprio Jerry Lewis, o astro, chega ao hotel para participar de um evento – e sofre com o excesso de dedicação de seus empregados. Pode parecer coisa de chato, mas duvido muito que alguém ainda consiga rir de Carrey depois de ver Lewis em ação – o que eu precisei apenas de 15 minutos de O Professor Aloprado pra constatar, e confirmei de vez vendo este.
Particularidades a parte, O Mensageiro Trapalhão é uma delícia. Todo desligado de qualquer formatação narrativa, sem trama, sem coerência, sem vergonha; é uma sucessão de trapalhadas independentes e dono de algumas das piadas mais engraçadas já contadas no cinema – desafio alguém a não rir de Lewis tirando a ‘bagagem’ do ‘porta-malas’ do fusca, ou então da dezena de homens que descem da limusine na chegada do astro ao hotel, ou do mensageiro regendo uma orquestra imaginária, ou de qualquer outro momento cômico, na realidade.
E o mais curioso, aliás, é que Lewis não esconde o fato de ser um filme de improviso, feito às pressas, e acaba transmitindo uma irregularidade muito grande no andamento, mas ao contrário do que se pensa, parece que de nada interessa tudo isso – ou realmente não interessa mesmo. As piadas ficam distantes uma das outras – não é um filme de riso constante -, e no fim isso acaba ajudando, porque pra cada uma delas é preciso de no mínimo cinco minutos de recuperação de fôlego, antes de se aventurar pela próxima sessão de cãibras abdominais.
E nem mesmo o fato de algumas gags terem se tornado exageradamente clássicas – problema que filmes precursores sempre sofrem – tira o brilho do filme, porque muitas pessoas podem fazer um filme de oitenta minutos sobre o dia-a-dia da vida de um abobado, mas somente Lewis filmou oitenta minutos de Lewis fazendo o que melhor sabia fazer: brincando com sua persona cinematográfica. É por isso que O Mensageiro Trapalhão se sobressai a todas as imitações.
3/4
Daniel Dalpizzolo
Amei os filme de Jessy quando criança e adolescente. Hoje tenho exemplos de pessoas que viviciaram momentos alegres em reuniões para assistirmos seus filmes. É a marca da minha infância e juventude, é a marca que não se apaga, pois vivi tempos bons com os seus filmes.
Parabens !!!