Stanley Kubrick

O quarto especial do Multiplot! aborda o mais racional dos grandes mestres. Serão duas semanas com Stanley Kubrick. Um texto por dia, começando pelo obscuro (e renegado) Fear and Desire, resenhado por Thiago Macêdo Correia.

Além disso, o Multiplot! preparou uma promoção imperdível para qualquer cinéfilo. Estava atrás das Edições Especiais do Kubrick? Não precisa gastar nada, além dos dedos no teclado. Resenhe um dos 13 longas do diretor, o vencedor poderá escolher entre uma das novas EEs. O Multiplot! começa esta semana uma série de jogos e concursos chamada “Cinéfilos”, dirigida por Rodrigo Jordão, do fórum Cinema em Cena. Para saber como funcionará a série e o regulamento do concurso do Especial Stanley Kubrick, clique AQUI.

Dr. Mecânico e a Lolita de Olhos Iluminados que Passou Para Matar

Imagine a cabeça de um cinéfilo durante uma daquelas brincadeiras de ‘jogo rápido’, onde se pergunta alguma coisa e a resposta tem de ser dada de imediato, de supetão, quando atravessa aos ouvidos a questão “Diretor de cinema?”. Muitos nomes devem vir à mente em menos de um segundo, mas poucos – ou talvez nenhum – serão tão lembrados quanto o de Stanley Kubrick.

É fato que grande parte dos amantes do Cinema iniciados nas últimas décadas vê em Kubrick uma espécie de ponto de referencia, talvez não unica e especificamente no que diz respeito à qualidade de seu material, mas por ter sido ele um dos primeiros contatos com aquilo que os intelectuais costumam chamar de ‘cinema de verdade’, daquele a ser citado em antologias e elocubrado durante décadas em compilações de filmes mais importantes ou – encaixe aqui ou ‘fundamentadores’ ou ‘transgressores’, ele benzia ambas com um só plano – do século passado.

Mas quais seriam os motivos para tamanha importância dentro de uma mídia tão voluptuosa como o Cinema? Acreditamos que a resposta seja muito simples, afinal, não bastando a milimetricidade e a personalidade inconfundível da mise em scène kubrickiana – pode ser considerado um ultraje não identificar um filme de Kubrick depois de cinco segundos de projeção, e em geral é tempo mais do que suficiente para tanto -, nosso Stanley talvez tenha sido um dos poucos cineastas – e dá pra meter no mesmo embrulho os que ainda estão em atividade – que poderiam trabalhar sem dificuldades com qualquer material, de qualquer espécie, sempre alcançando um resultado ao mesmo tempo versátil e autoral.

Kubrick literalmente viajou através das grandes potencialidades dramatúrgicas do Cinema, trabalhou o conceito de gênero sem deixar de rasgar convenções, enfim, pode-se dizer que esse sim ‘brincou de fazer filmes’. Sua carreira teve início no embalo dos anos 50 – sem contar os curtas e o lendário Fear and Desire, que tirou de circulação por achar ruim demais pra merecer sua assinatura e um lugar em sua própria história, o que fez com que de certa forma recebesse um destaque ainda maior – através de um film noir, mantendo a linha com um absoluto filme de golpe, passando pelo anti-belicismo e pelo épico românico.

E seu sentido camaleônico nunca falhou. Na década seguinte aproveitaria a Guerra Fria em uma comédia sarcástica e subversiva, a discussão sobre a liberdade sexual em um pequeno drama insinuante, a corrida espacial como forma de investigar a existência humana. Depois entraria no embalo da crônica social que marcou os anos 70, amputaria a distância entre o Cinema e as artes barrocas numa antologia de imagens inexplicáveis, trabalharia o horror num momento de intensa explosão da histeria contemporânea e, mesmo com certo atraso, voltaria seu olhar para a transformação do pessoal na coletividade devastadora da guerra do Vietnã, concluindo sua carreira com uma obra-prima sobre os relacionamentos – talvez seu maior filme.

Definitivamente, Kubrick foi um catalisador do espírito cinematográfico. Motivo mais do que suficiente pra justificar a adoração e mobilização em torno de sua obra, nosso objeto de estudo neste quarto especial Multiplot!.

Daniel Dalpizzolo

 

Tops!

Textos:

Fear and Desire (Stanley Kubrick, 1953) – Thiago Macêdo Correia

A Morte Passou Por Perto (Stanley Kubrick, 1955) – Daniel Dalpizzolo

O Grande Golpe (Stanley Kubrick, 1956) – Pedro Kerr

Glória Feita de Sangue (Stanley Kubrick, 1957) – Sílvio Tavares

Spartacus (Stanley Kubrick, 1960) – Robson Galluci

Lolita (Stanley Kubrick, 1962) – Marcelo Dillenburg

Dr. Fantástico (Stanley Kubrick, 1964) – Adney Silva

2001: Uma Odisséia no Espaço (Stanley Kubrick, 1968) – Amílcar Figueiredo

Laranja Mecânica (Stanley Kubrick, 1971) – Cassius Abreu

Barry Lyndon (Stanley Kubrick, 1975) – Rodrigo Jordão

O Iluminado (Stanley Kubrick, 1980) – Luis Henrique Boaventura

Nascido Para Matar (Stanley Kubrick, 1987) – Jaílton Rocha

De Olhos Bem Fechados (Stanley Kubrick, 1999) – Thiago Macêdo Correia

4 Respostas para “Stanley Kubrick

  1. Simplesmente adorei o Blog. Talvez o melhor que eu já li. Será de muita importância para meus estudos. Um forte abraço.

  2. Daniel Dalpizzolo

    Um forte abraço – por trás – Fabrício. Volte sempre!

  3. Daniel Dalpizzolo

    Ah, e não deixe de participar da promoção do Kubrick, vale uma das Special Editions!

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